quinta-feira, 5 de maio de 2016

O Anel de vidro



Aquele pequenino anel que tu me deste, 
- Ai de mim - era vidro e logo se quebrou... 
Assim também o eterno amor que prometeste, 
- Eterno! era bem pouco e cedo se acabou.

Frágil penhor que foi do amor que me tiveste, 
Símbolo da afeição que o tempo aniquilou, - 
Aquele pequenino anel que tu me deste, 
- Ai de mim - era vidro e logo se quebrou...

Não me turbou, porém, o despeito que investe 
Gritando maldições contra aquilo que amou. 
De ti conservo na alma a saudade celeste... 
Como também guardei o pó que me ficou 
Daquele pequenino anel que tu me deste...

Manuel Bandeira

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